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Velhos Tempos: “Big Brother mina de ouro”

Recupero aqui um artigo do Jornal de Noticias de Dezembro de 2000 quando terminava o primeiro reality show da TVI e em Portugal.


por Dina Margato /JN

Concurso acaba, e já há 38 mil candidatos para nova edição

Talvez a palavra sucesso peque por defeito. Há cerca de 38 mil portugueses inscritos para o “Big Brother 2”, número que ganha ainda maior expressão se recordarmos que para a edição que hoje termina houve menos de 4500 candidatos. O fenómeno pode ser avaliado através das audiências e volume de negócios que giram à sua volta, mas merece igualmente atenção pelos novas questões que levantou no âmbito dos media, particularmente com a convergência entre televisão e Internet.
Este foi o grande negócio do ano, não apenas para a TVI e Endemol, mas também para as empresas que patrocinaram o programa. Os sofás vermelhos da casa, por exemplo, não têm chegado para as encomendas. “Neste momento, só temos esses sofás em verde ou amarelo”, respondeu de pronto a empregada da loja, contando que, nos estabelecimentos onde é reproduzido o interior da casa do “Big Brother”, não faltam clientes que se fazem fotografar.
O êxito do programa deve-se, fundamentalmente, à identificação dos telespectadores com os concorrentes. Ainda que estes representem só parcialmente a sociedade portuguesa, como insistiu em avisar o sociólogo Carlos Silva. Esta identificação processa-se sobretudo no que diz respeito à possibilidade de ascensão social fácil, por aparecer na televisão: “Se tanta gente se inscreveu no segundo concurso foi porque constataram que qualquer um pode adquirir fama e, claro, dela tirar o devido proveito económico”.
Os restantes valores, como a privacidade dos concorrentes e das respectivas famílias, são colocados em segundo plano pelo desejo de notoriedade.

 

Ilusão da realidade

Em termos de media, o “Big Brother” inaugurou um novo género, “fazendo a convergência entre a novela, o concurso e a série, sendo um muito especial ‘reality show'”. Essa é a opinião de Miguel Gaspar, crítico de televisão, para quem o sucesso do formato se justifica com a ilusão de se estar a ver a realidade, o que antes só acontecia com os directos de informação.
O concurso marcou, igualmente, a história da Internet em Portugal. O site oficial atingiu médias de mais de um milhão de consultas diárias, esteve muitos dias no primeiro lugar do top de sites e abriu as portas à interactividade, indicou Augusto Schmidt, coordenador da área da Internet na TVI. Também as votações para excluir os concorrentes foram feitas maioritariamente por este meio. Bem vistas as coisas, foram os cibernautas quem decidiu a saída dos concorrentes da casa.

Terça de ouro

Quem ganhou indiscutivelmente com o concurso foi a televisão dirigida por José Eduardo Moniz. As audiências subiram em flecha e, com elas, os investimentos publicitários e os lucros da estação privada. As audiências da televisão independente bateram a SIC nos dias de terça-feira. “Fomos subindo de terça para terça-feira”, analisou Juan Goldin, acrescentando: “Mesmo na recta final, ao contrário do que aconteceu nos outros países, aqui continuou-se a subir”.
Na última semana, a TVI atingiu o auge, arrecadando uma audiência média de cerca de três milhões de espectadores e um “share” que chegou aos 72,4%. Este valor só tinha sido conseguido, até agora, pela RTP 1, com a transmissão do jogo de futebol França-Portugal, correspondente às meias-finais do “Europeu”.


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