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Francisco Moita Flores está de luto: “Adeus ao meu herói”

"Era um homem rijo, sem horas para trabalhar, intrépido e insurreto. Não suportava o Regime [Salazarista] e, com ele, descobri as emissoras clandestinas, que se diziam em voz sussurrada"

Esta quarta-feira, dia 16 de fevereiro, Francisco Moita Flores recorreu às redes sociais, para revelar que o seu pai, de 97 anos, faleceu.

“Foi pelos seus olhos que aprendi a amar os livros. E a amar o mundo, os animais e as pessoas. Pelos seus olhos e pela ternura da minha mãe. Íamos os dois, quinzenalmente, à Biblioteca Itinerante da Gulbenkian, que estacionava em frente à Igreja de S. João Batista”, começou por escrever.

Uma fila de esfomeados, putos e graúdos, à espera de alimento. Era um homem rijo, sem horas para trabalhar, intrépido e insurreto. Não suportava o Regime [Salazarista] e, com ele, descobri as emissoras clandestinas, que se diziam em voz sussurrada“, acrescentou.

“Ainda venceu o coronavírus, num último combate. Recuperou, mas a luta deixou-o frágil. Poucos dias depois desta derradeira vitória, a minha ‘irmã’ Graciana telefonou”, confessou.

“Chegou a hora de dizer adeus ao meu grande herói. Despedimo-nos, em paz. Agradeci-lhe, escorreu-lhe uma lágrima, pelo rosto cansado, e outra, dos meus olhos, apertámos a mão e o último beijo e a última carícia” explicou.

“E, nessa noite, quando adormeceu, o Mestre Chico Flores da Defesa de S. Brás partiu, em sossego, depois de uma vida comprida. E cumprida! Veio aconchegar-se na minha memória. De onde nunca mais sairá”, rematou.

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